terça-feira, 28 de outubro de 2014

Rancho

Quadro, FIA - Caracas

Da janela do avião já se avistam as montanhas e muitas moradias de tijolo inacabadas. Sobrevoamos a costa venezuelana, dentro de alguns minutos aterramos no Aeroporto Internacional Simón Bolívar de Maiquetía. 
Do aeroporto até à cidade de Caracas vamos passando por um sem fim, impressionante, de favelas. Aliás, depois de algum tempo a viver por estes lados constato que toda a Venezuela está repleta de favelas! Os ranchos, como se designam aqui.

Entre Maiquetía e Caracas
Por aí

Fora dos centros urbanos, a paisagem que nos acompanha ao percorrer as estradas, é frequentemente formada por estes aglomerados desorganizados de construções improvisadas. Encavalitadas umas nas outras espalham-se por grandes áreas de pobreza e miséria. De entre a predominante cor de tijolo, sobressaem algumas, pintadas com cores fortes, cores latinas. Esta estranha magia de cores leva a encontrar, ainda que momentaneamente, o bonito no feio.
À noite, muita desta paisagem se transforma em inúmeros pontinhos de luz que trepam morro acima. Assim, no escuro, essa imagem faz lembrar a encosta de um presépio de Natal.

As favelas são muito características da América do Sul, mas é na Venezuela, na região de Caracas, que se encontra a maior da América e do Ocidente: Petare. Ocupa um território três vezes maior que a maior favela brasileira e dizem que tem três milhões de habitantes. Esta grande anarquia de casas e cores avista-se de alguns pontos da cidade e, como muitas outras, é um grande foco de violência. Engraçado foi descobrir que Petare tem um centro histórico conservado e pelos vistos bonito. Não que lá tivesse ido, contaram-me! Ainda assim, não faz parte dos meus planos ficar a conhecer.


Uma vista de Petare

Caracas era também casa da mais alta favela vertical do mundo, conhecida como a Torre David. Esta emblemática favela tomou lugar num dos edifícios mais altos da cidade. O inacabado prédio de 45 andares que seria um centro financeiro, foi sendo ocupado, desde 2007, e passou a ser a casa de milhares de pessoas. Nasceu neste espaço uma espécie de urbanização na qual, pelos vistos, se encontrariam lojas, cabeleireiros, restaurante, geladaria, costureiras e parque de estacionamento. Li que as famílias que ali moravam pagavam uma mensalidade para ter luz e vigilância. Em Julho deste ano deu-se início ao processo de desocupação da torre, com a finalidade de vir a ser demolida.


Torre David

As imagens da Torre David foram retiradas de páginas da internet. As restantes fotografias das favelas foram tiradas dentro do carro e em movimento. É que por aqui, são poucos os sítios onde podemos andar, e nunca descontraidamente, de máquina fotográfica na mão. Tornamo-nos alvos fáceis :) 


5 comentários:

  1. Meus Deus esse país é mesmo grande! Tantas favelas, não admira que haja tanta violência. As fotos estão muito giras e o documentário muito interessante. Bjs

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  2. É assustador passar pelo meio dos bairros! Entretanto já tivemos a oportunidade de conhecer a zona centro de Petare... por engano obviamente.

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