Vainas#3

Por aqui o racionamento é uma realidade. Desde há algum tempo que tem vindo a estar presente na vida dos venezuelanos. A escassez de produtos está na sua origem. Continuam a faltar muitos artigos nas prateleiras dos supermercados que, sempre que são postos à venda, desaparecem em pouco tempo, mesmo estando racionados. Por aqui é usual ler ou ouvir, nesses estabelecimentos comerciais, coisas do género: "só duas embalagens de detergente por pessoa", " 4 pacotes de leite por pessoa", "só pode levar um shampoo"... Nada disto é novo e, infelizmente, este povo já vai estando habituado.

A novidade é que o racionamento chegou agora também às peças de roupa do grupo Inditex. Nas lojas da Zara e da Berska, diferentemente do que acontece no resto do mundo, só se pode adquirir 5 peças de roupa por mês, das quais 3 podem ser partes de cima e duas partes de baixo. Como a roupa é vendida a preços baixos a chegada de uma coleção costuma traduzir-se em filas gigantes à porta destes estabelecimentos. Estas avalanches de compradores, em pouco tempo, acabam por gerar escassez de mercadoria nas lojas. O normal por aqui é passar pela Zara e encontrá-la fechada ou, quando aberta, ridiculamente vazia. Como consequência os venezuelanos estão agora sujeitos a mais este racionamento!

Uma  jovem luso-descendente contou-nos que no dia em que foi comprar roupa à Berska chegou à loja às 7:00h e saiu às 17:00h. Com a ajuda de uma amiga lá foram reservando o lugar na fila. Depois de efetuado um registo através do número de identificação de identidade, a espera foi longa. As duas amigas entraram na loja às 15h. Uma volta pela loja, uma fila extensa para experimentar a roupa e uma fila extensa para pagar. Ao fim de duas horas saíam da loja. Ao fim de 10 horas conseguiram comprar as suas 5 peças.
Com a dificuldade da empresa em repor os produtos na Venezuela, dentro de poucos dias estas lojas tornam na ficar praticamente vazias e por alguns meses.

Surreal!